Essa noite não foi fácil. Parece-me haver gatilhos que
ativam essas sensações em uma intensidade que não pode ser mensurada.
Confesso que a rapidez com que a intensidade disso vem
tomando está me assustando.
Parecia estar dentro de um redemoinho de emoções misturado. Tentava
olhar para dentro de mim, encontrar meu eixo central, mas nada vi senão um
vazio intenso, escuro e solitário.
Senti-me como um asteroide perdido na vacuidade do espaço,
girando e andando sem rumo nem pressa de chegar onde quer que fosse o ponto
final.
Dor no peito, respiração forte, uma aflição que parecia
tirar o ar de meus pulmões.
Em algum momento sentia real vertigens. Minha mente estava
um caos e mesmo tentando resistir, nenhuma ação foi efetiva por muitas horas.
Acordei e não mais pude dormir. Logo, aquilo que já estava
sentindo mesmo dormindo voltou tão intenso quanto no inicio da noite passada.
Eu desejei uma presença que não fosse a minha. Alguém lá pra
me ajudar a superar, mas não tinha ninguém, e mesmo que chamasse alguém no
plano físico, que poderiam fazer se tudo ocorre dentro e não fora de mim?
Nunca a frase “O maior guerreiro é aquele que vence a si
mesmo” fez tanto sentido para mim.
É uma batalha interna. Como um quebra-cabeça em que
precisamos colocar cada peça em seu devido lugar. No entanto, as peças não são
senão nossas próprias emoções.
Não sei se saberia resolver isso sem ajuda. Estamos vivendo
dias onde queremos juntar para nós aquilo que está fora de nós, ao preço de
espalhar aquilo que está dentro. Se compensa ou não, caberá a cada um de nós
decidir.
A mim me resta prosseguir. Agora um pouco melhor, mas
cansado, resolvi registrar ainda cedo tudo o que me passou para que não
perdesse da memória todos os eventos. No entanto, confesso que não é algo que
eu gostaria de compartilhar com orgulho, senão muito pesar.